Era primeiro semestre de 2012, quando o grupo CCR, por meio da Companhia Brasileira de Participações e Concessões (CPC), adquiriu 80% das ações das Barcas S.A Transportes Marítimos, o equivalente a R$ 72 milhões à época. O tempo passou, a detentora do serviço aquaviário por onde são transportadas 38 mil pessoas por dia em 12 linhas, reclama que o Governo do Estado não tem cumprido o acordo e por esse motivo vai oficializar o pedido para não ser mais a responsável pelo transporte nas águas da Baía de Guanabara.

A CCR Barcas disse que vai continuar à frente da operação do sistema aquaviário até o fim do contrato, que termina no dia 12 de fevereiro de 2023 e afirma que no ano passado, o prejuízo foi de R$ 125 milhões. Para este ano, a estimativa é que haja prejuízo parecido: de 120 milhões.
De acordo ainda com a empresa, a receita estimada para este ano é de R$ 30 milhões, mas, os custos operacionais são de cerca de R$ 150 milhões. Um dos motivos pela queda no número de passageiros, reduzido para 70% durante o período de pandemia, retrata o motivo pela não renovação do contrato.?

?Um dos passageiros que tem o que reclamar é o auxiliar contábil Sérgio Paulino, de 49 anos, e que já utilizou muito o serviço de transporte aquaviário quando trabalhava no Centro do Rio:
"Melhorou o tempo de espera, pois antes era de uma em uma hora e agora passou a ser de 15 em 15 minutos. Mas se esse é o lado positivo, o negativo assim podemos dizer, é o aumento abusivo na tarifa da passagem, que é de R$ 6,50. Mas como fui transferido para Niterói, não dói tanto no meu bolso", relatou.
E completa:
"Espero que a nova empresa tenha consciência e coloque um preço razoável para que nós, trabalhadores, possamos pagar. Eu não utilizo mais o serviço, mas amigos continuam utilizando", questionou.
A TRIBUNA procurou a CCR Barcas que emitiu nota informando que “seguirá cumprindo o contrato de concessão até o dia 11/02/2023, quando se encerra o prazo contratual, conforme alertado desde 2018. A Concessionária está à disposição para apoiar o Governo do Estado do Rio de Janeiro na elaboração da modelagem, solução provisória e edital de licitação".

Já a Secretaria de Estado de Transportes (Setrans), por meio do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), informa que seguem em andamento todos os trâmites junto à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituição responsável pela elaboração da nova modelagem do sistema aquaviário. A Setrans ressalta que não considera qualquer perspectiva de interrupção da prestação do serviço para o atendimento à população.